quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Policiais que mataram Dehon "Caenga" prefeito de Grossos são condenados


Os cinco agentes da Polícia Civil responsáveis pela morte, em junho de 2005, do então prefeito de Grossos João Dehon "Caenga" da Costa Neto e de seu motorista Márcio Sander Martins foram condenados pelo júri popular por homicídio duplamente qualificado e lesão corporal grave.

Com um julgamento que durou pouco mais de 20 horas e foi encerrado durante as primeiras horas desta quinta-feira (1), João Maria Xavier Gonçalves, João Feitosa Neto, Newton Brasil de Araújo Júnior, Railson Sérgio Dantas da Silva e José Wellington de Souza - todos membros da Delegacia Especializada em Defesa da Propriedade de Veículos e Cargas (Deprov) na época do crime - foram imputados a penas entre 17 anos e quatro meses e 17 anos e seis meses, além da perda de função pública. A decisão é para o cumprimento da pena em regime fechado, mas ainda cabe recurso.

O júri dos policiais envolvidos na operação desastrosa aconteceu pouco mais de dez anos após o crime. Os homicídios aconteceram durante uma operação realizada pela Polícia Civil na BR 304, na altura do município de Santa Maria.

Os agentes buscavam um suposto criminoso quando confundiram o carro do prefeito com um veículo que estaria o assaltante. A caminhonete foi alto de dezenas de tiros de pistola e fuzil; apenas Dehon Caenga foi atingido com 19 disparos. O fato aconteceu na noite de 23 de junho de 2005. O prefeito João Dehon e sua comitiva retornavam de Natal para Grossos. Eles foram interceptados na BR-304, na altura de Santa Maria, por um veículo descaracterizado.

Entre as testemunhas ouvidas pelo júri ainda ontem esteve o delegado Júlio Costa, responsável pela operação que resultou na morte do político da região Oeste Potiguar. Hoje, Costa comanda da Delegacia de Polícia da Grande Natal (DPGRAN), mas à época era o delegado titular da Deprov.

A equipe buscava um ladrão de carros que atuava no Rio Grande do Norte e era um dos criminosos mais procurados no estado potiguar, contudo abordou o veículo errado durante a operação. A ação culminou na morte de Dehon Caenga, como era mais conhecido o prefeito, e de Márcio Sander.

Durante a sessão, o delegado Júlio Costa afirmou não lembrar-se de boa parte dos fatos questionados pela defesa e pelo Ministério Público. Entre as passagens das quais se recordou, Costa disse que havia solicitado por algumas vezes à Delegacia Geral de Polícia Civil (Degepol) melhorias na estrutura da Deprov, que tinha alta demanda de trabalho. Os agentes realizaram a operação, inclusive, em veículos roubados que haviam sido apreendidos pela Especializada, devido a falta de viaturas.

O contador Francisco Canindé também foi ouvido ontem, e chorou ao rememorar o fatídico episódio. Ele foi um dos sobreviventes do ataque dos policiais, junto com o então tesoureiro municipal de Grossos Magno Antônio.

Ao júri, Canindé informou que dormia no banco de trás, quando ouviu o motorista gritar “assalto”. Depois de acordar, assustado, lembra de ter ouvido os disparos contra o veículo no qual eles seguiam.

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